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Terapia de Estados de Ego

Terapia de Estados de Ego

Todos nós conhecemos na pratica clinica de nosso consultório um tipo de cliente muito específico que tem história de anos de psicoterapia com pouco progresso, que colheu muitos diagnósticos diferentes ao longo dos anos, com história de muitas internações psiquiátricas com diagnósticos diferentes. É um cliente difícil e pouco reativo a terapias tradicionais.

Estes pacientes têm o que chamamos de Transtornos Dissociativos ou a Desordem Dissociativa de Identidade. Muitos destes casos nos chegam parecendo ser uma depressão, acompanhados pelos sintomas de fobia e/ou pânico e com histórico de abusos (sexual, mecânicos, perdas etc.) na infância. Muitas vezes foram abusados por seus cuidadores (pais/pessoas mais velhas), e têm receio de cuidadores (profissionais da saúde). Assim, se tornam rudes e difíceis no trato; sempre mais céticos quanto as intenções de quem está cuidando.

Parece-me que no momento do trauma, o stress é maior do que a criança pode suportar, o próprio trauma congela a pessoa, ocorrendo a dissociação, congelando a parte infantil que reaparece durante a vida de forma dissociada da consciência. Já no caso do adulto quando ele entra neste estado de congelamento e dissociação do stress pós traumático ele fica aprisionado, muitas vezes para o resto da sua vida, porém outra parte dele fica antenada a qualquer coisa que sirva de gatilho disparador.

A característica essencial do Transtorno Dissociativo de Identidade é a presença de duas ou mais identidades ou estados de personalidade distintos, que se alternam assumindo o controle do comportamento. Existe uma incapacidade de recordar informações pessoais importantes, cuja extensão é demasiadamente abrangente para ser explicada pelo esquecimento normal.

Estes clientes passam anos sem um diagnóstico correto dentro do sistema de saúde mental. Mudam de terapeuta e de medicamento, e os sintomas tratados apresentam um pequeno ou nenhum progresso terapêutico.

Desordem Dissociativa de Identidade

O Transtorno Dissociativo de Identidade é um sintoma recente nos manuais de patologias e desconhecido da maioria dos psicólogos clínicos e médicos. A característica essencial do Transtorno Dissociativo de Identidade é a presença de duas ou mais identidades ou estados de personalidade distintos, que recorrentemente assumem o controle do comportamento. A perturbação não se deve aos efeitos fisiológicos diretos de uma substância ou de uma condição médica geral. Em crianças, os sintomas não podem ser atribuídos a companheiros imaginários ou a outros jogos de fantasia.

O Transtorno Dissociativo de Identidade reflete um fracasso em integrar vários aspectos da identidade, memória e consciência. Cada estado de personalidade pode ser vivenciado como se possuísse uma história pessoal distinta, auto-imagem e identidade próprias, inclusive um nome diferente.

Os indivíduos com este transtorno experimentam freqüentes lacunas de memória para a história pessoal tanto remota quanto recente. A amnésia freqüentemente é assimétrica. A amnésia é presente podem ser reveladas por relatos de outros que testemunharam o comportamento negado pelo indivíduo ou pelas descobertas do próprio indivíduo (por ex., encontrar peças de roupa em casa que não recorda ter comprado).

Os indivíduos com Transtorno Dissociativo de Identidade podem manifestar sintomas pós-traumáticos (por ex., pesadelos, flashbacks e respostas de sobressalto) ou Transtorno de Estresse Pós-Traumático. Automutilação e comportamento suicida e agressivo podem ocorrer. Alguns indivíduos podem ter um padrão repetitivo de relacionamentos envolvendo abuso físico e sexual.

Existem relatos de variação nas funções fisiológicas entre os estados de identidade (por ex., diferenças na acuidade visual, tolerância à dor, sintomas de asma, sensibilidade a alérgenos e resposta da glicose sangüínea à insulina).

Em exame físico é comum cicatrizes por ferimentos auto-infligidos ou por abuso físico. Os indivíduos com este transtorno podem ter enxaqueca e outros tipos de cefaléia, síndrome do cólon irritável e asma.

Dissociação e Estados de Ego

A personalidade de Humana se desenvolve através de dois processos básicos, integração e diferenciação. Através da integração uma criança aprende a reunir conceitos, como vaca e cavalo, e assim construir unidades mais complexas chamadas animais. Através da diferenciação se separam os conceitos gerais em significados mais específicos, como discriminar, entre um gato e um coelho. Ambos os processos são normais e adaptativos.

A diferenciação normal é aquela que nos permite experimentar vários comportamentos em uma festa no sábado à noite e outro comportamento diferente durante a semana no trabalho. Quando esta separação ou diferenciação deste processo se torna excessivo e mal adaptado nós a chamamos dissociação.

A Dissociação ocorre quando a ansiedade se torna tão esmagadora que certos aspectos da personalidade se tornam dissociada ou se dividem um do outro. As manifestações de dissociação servem para proteger o individuo do conflito que produz a ansiedade. A Dissociação é um mecanismo de proteção psicológica ao medo e a ansiedade.

A dissociação através da despersonalização em casos mais graves leva ao desenvolvimento de múltiplas personalidades ou desordem dissociativa de identidade. É um diagnóstico raro que tem a sua origem na dissociação traumática, em 80% dos casos onde ocorre o DDI houve abusos graves na infância. As várias personalidades mostradas nesta desordem assumem o controle do individuo, são comuns respostas psicofisiológicas, doenças variadas e dissociações somáticas fisiológicas observáveis.

Na verdade todas as pessoas têm certo nível de dissociação e de personagens internos, o que faria a diferença entre os vários níveis de traumas e a desordem Dissociativa de Identidade é o nível da dissociação.

O que é Terapia dos Estados de Ego

Trabalhar com casos e situações complexas com o paciente Dissociado pede uma redefinição da pratica para além da estrutura básica. Na verdade o trabalho é feito inicialmente com as partes internas do cliente promovendo comunicação e t entretecimento cognitivo. Por entretecimento cognitivo buscamos durante o processo terapêutico realçar além das cognições sensações corporais, afetos, experiência sensorial e os estados (imagos) do eu. Esta comunicação e entretecimento cognitivo colocam em movimento processos paralisados.

Shakespeare falou que: “a falha não está nas nossas estrelas, mas em nós mesmos”. É uma intuição profunda. A psicologia fala o mesmo: o que você sente com os eventos de sua vida vem de você. A crença de que aquilo que sentimos se baseia nos eventos da vida é um engano. Acontecimentos, fatos, desempenham papel de desencadeadores de nossas reações. No fundo, o que nós sentimos baseia-se nas nossas reações aos eventos da vida.

Em uma Terapia de Estados de Ego dá-se, pois, atenção especial às linhas de desenvolvimento da personalidade para definir os pontos fortes e fracos do cliente, os pontos fracos sendo transformados em alvos para o tratamento.

As Desordens Dissociativas são responsivas a psicoterapia individual, medicamentos, hipnoterapia, arte terapia e terapia corporais. O curso de tratamento é a longo prazo, intensivo, e invariavelmente doloroso, por isto envolve lembrar e reprocessar as experiências traumáticas que causam a dissociação. Não obstante, indivíduos com DDI foram trabalhados de uma forma mais efetiva por terapeutas que trabalham em uma variedade de aproximações e técnicas.

Por envolver dissociação a abordagem hipnótica deverá se concentrar em trabalhar com partes, abordando os diversos “Estados de Ego”, fazendo uma conexão saudável entre eles. E por fim trabalhar através do uso de drama o trauma que se encontra na raiz dos sintomas.

Esta abordagem também se torna muito útil na terapia convencional, podemos utilizar dela com sintomas e problemas normais dos nossos clientes.

Fonte – Terapia de Estados de Ego – Apostila de curso – Gastão Ribeiro - 2008

Comentários

Rubens Mendonca disse…
Boa noite.
Assisti há pouco um documentário na TV Cultura a respeito de um médico que sofreu um transtorno dissociativo.
Achei o tema interessante e resolvi pesquisar, assim acabei caindo no teu blog.
Parabéns pelo conteúdo, achei bem claro e exclarecedor.
Um abraço,
Rubens Mendonça
http://blog.factivel.com.br

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