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Abuso, coping e desamparo aprendido - Gastão Ribeiro

Abuso, coping e desamparo aprendido
Gastão Ribeiro


Por traz de quase todo abuso existem fenômenos psíquicos que nos ajudam a explicar o que acontece. Dois deles estão quase sempre presentes em abusos físicos e sexuais em crianças e na violência contra mulheres, o coping e o desamparo aprendido. O coping é um conjunto de respostas e estratégias utilizadas pelas pessoas para adaptarem-se a circunstâncias adversas. O desamparo aprendido é definido como a dificuldade de aprendizagem apresentada por indivíduos que tiveram experiência prévia com estímulos incontroláveis.

As estratégias de coping são esforços cognitivos e comportamentais para lidar com situações de dano, de ameaça ou de desafio quando não está disponível uma rotina ou uma resposta automática. Apenas esforços conscientes e intencionais são considerados estratégias de coping e o estressor deve ser percebido e analisado não sendo assim consideradas respostas filogenéticas. É a capacidade de avaliar uma situação estressante, ou mesmo de perigo e tomar as atitudes corretas de proteção e segurança.

O desamparo aprendido é definido como a dificuldade de aprendizagem ou de respostas de coping apresentada por indivíduos que tiveram experiência prévia com estímulos incontroláveis. Ao expor crianças e mulheres a situações de violência incontrolável (abuso sexual, violência doméstica, espancamento) de forma repetitiva criando assim um reforçamento negativo, quando estas pessoas são submetidos apenas a gatinhos destes comportamentos paralisam e não criam respostas de sobrevivência, se tornando presas fáceis destes abusadores.

Nas mulheres que sofrem de violência assim como em crianças abusadas de forma repetitiva temos o que chamamos de desamparo aprendido com a perda da resposta de coping e não uma compulsão. Eles paralisam diante da agressão do abusador e perdem a resposta de sobrevivência se tornando vítimas fáceis e sem reação, permitindo assim que este abuso se perpetue.

O desamparo aprendido vem sendo utilizado por diferentes pesquisadores para explicar o modelo animal de depressão. O desamparo aprendido tem também sido associado a traumas, uso de substância e processos depressivos. Talvez seja por isto que encontramos a partir de uma situação traumática uma série de situações patológicas, tais como: depressão, abuso de substâncias, compulsão a repetição de um trauma, dores crônicas, entre outras.

O desamparo aprendido parece estar na origem do fenômeno mãe abusada e filho (a) abusado, diante da situação de perigo a mãe paralisa e não consegue dar resposta de fuga ou luta ou proteção, congela e permite o abuso.

Fonte – Coerência Cardíaca. Apostila de curso – Gastão Ribeiro 2011

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