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Como ajudar uma criança a superar um trauma

Como ajudar uma criança a superar um trauma
Gastão Ribeiro

“A Infância é muito frágil para ser abandonada.”


Este pequeno artigo destina-se a todos que se interessa por preservar a integridade da criança, amparada nos seus direitos. Traz informações sobre possíveis traumas causados às crianças e como agir diante disso.

O que é um Trauma?

Normalmente, o que se chama de trauma, em uma criança, é quando esta é abusada sexual, física, emocional ou mentalmente. O que muitos de nós não percebemos é como pequenos acontecimentos podem ser traumatizantes.

As pessoas, a partir de suas experiências de vida, passam a criar barreiras e limites de proteção e segurança. Um trauma é uma situação que rompe essas barreiras e limites, que faz com que a pessoa paralise no tempo e no espaço. Excede todos os limites de segurança e suporte.
O trauma deixa marcas e, sempre que voltam as lembranças, essas marcas vão se aprofundando. O trauma aprisiona os sentimentos fazendo com que as pessoas só pensem no que aconteceu.

Quando acontece um Trauma?

Ao contrário do que possa parecer, uma criança é extremamente exposta a traumas. Os adultos com suas experiências de vida vão endurecendo o couro, são capazes de suportar exigências grandes, xingamentos e punições sem serem traumatizadas.

As crianças são como terra fofa ou molhada, qualquer trauma é como se fosse um buraco profundo e fácil de fazer. Esses buracos, às vezes, ficam para o resto da vida, causando mau humor, tristeza e doenças.

Quando tratamos as crianças traumatizadas no começo da vida, fazemos com que esse buraco seja tampado, criando um adulto normal e feliz.

Como acontece um Trauma?

A maioria dos traumas acontece dentro de casa, e as principais causas são:

Abandono - este é o que causa mais problemas futuros às crianças. O abandono é deixar de prestar os cuidados básicos como: saúde, educação, alimentação, higiene corporal, lazer, etc. Sendo que alguns pais realmente abandonam as crianças em creches, escolas ou com outras famílias.

Violência Física - é a agressão física feita com as crianças por pais, parentes ou responsáveis, podendo ou não causar lesões ou ferimentos no corpo.

Violência Sexual - é quando um adulto ou adolescente faz um ato, jogo ou relação sexual com uma criança ou adolescente com menos idade. Isso pode acontecer com ou sem força física, onde a finalidade única é o prazer sexual dos adultos.

Castigo Excessivo - algumas crianças realmente fazem algumas travessuras que são além da conta, mas isso é uma forma de chamar a atenção dos pais. Alguns pais, muitas vezes, por terem sofrido castigos ou surras excessivas na infância, acham que essa é a melhor forma de criar os filhos. Castigos e surras excessivas marcam uma criança para o resto da vida, podendo criar revoltas e adolescentes infratores.

ATENÇÃO - Todas as criança, adolescentes ou adultos precisam de CARINHO. O carinho é saudável, necessário para o desenvolvimento de todo o ser humano.

Como se comportam crianças que sofreram um Trauma

Aqui estão algumas das reações mais comuns a uma criança que é exposta a um trauma. Essas reações podem começar imediatamente ou depois de um tempo. Umas das primeiras reações acontecem durante o sono, e são:
Pesadelos ou sonhos ruins ou assustadores;
Conversar ou gritar durante o sono;
A criança acorda durante toda à noite, normalmente agitada; Fazer xixi na cama;
Dificuldade para conseguir dormir, quando expressam o medo de dormir.

Outra reação comum à criança que sofreu um trauma é sentir-se culpada, e se apresenta da seguinte forma:
Sente-se culpada pela situação do trauma;
Sente-se culpada por tudo que acontece;
Torna-se levada e agitada, parece que querendo ser castigada; Bom comportamento em excesso.

Outro comportamento que aparece é o que se chama de regressão. A regressão é quando a criança assume atitudes e reações de uma criança menor, por exemplo:
Agarramento excessivo;
Não consegue ficar sozinho;
Quer atenção o tempo todo;
Age como um bebê.

Essas reações são normais e passam com o tempo. Se a criança está presa ao trauma e não consegue progredir, peça ajuda de psicólogo infantil ou outro profissional de saúde mental. Há tratamentos efetivos e sem remédios para ajudar as crianças e suas famílias a recuperarem-se de um trauma emocional.

Como se comportam adolescentes que sofreram um Trauma

Os adolescentes, ao sofrerem maus-tratos ou traumas, apresentam muitos sinais. Estes são um PEDIDO DE AJUDA.
É importante que os pais estejam atentos, antes que seja tarde demais. Os PRINCIPAIS SINAIS SÃO:
Choros constantes;
Medo;
Ter pesadelos e acordar gritando;
Tentativas de suicídio;
Marcas de violência no corpo;
Conhecimentos precoces sobre sexo;
Ataques de nervosismo, sensação que vai morrer;
Silêncio e fechamento excessivo;
Baixo rendimento escolar;
Rejeição das pessoas que gosta;
Sentimento de inferioridade.

As Reações dos Pais

Todos os pais se sentem responsáveis pelos problemas ou dificuldades que os filhos apresentam. Quando os filhos sofrem em função dos traumas, é normal que os pais sofram e queiram superproteger seus filhos. No entanto, lembre-se que não, pois os pais nunca conseguirão assistir a todas as necessidades dos filhos.

Não gaste sua energia sentindo-se culpado, gaste-a ajudando satisfatoriamente a sua criança. Use-a para trabalhar os sentimentos de sua criança, ajudando-a a recuperar-se.

Trate a sua criança normalmente, coloque os limites como sempre colocou, pois, ao contrário, estará fazendo com que ela se sinta diferente. Se os sentimentos paternos persistirem, a melhor forma de ajudar a sua criança é buscar o apoio de outro adulto ou de um profissional da área.

Os principais sinais são:
. Culpabilidade; Ansiedade e superproteção; Perturbações do sono; Dificuldades em colocar os limites e limitar expectativas; Dificuldades em conversar claramente com a criança sobre o trauma.

O que é Limite?

Colocar limites é cuidar bem das crianças. Olhar suas necessidades, cuidar da alimentação, fornecer escola e estudo, cuidar da saúde e, estudo, cuidar da saúde e, principalmente, corrigir alguns comportamentos errados. É, também, estar atento às condutas e SINAIS QUE AS CRIANÇAS APRESENTAM.

Caso alguns destes sinais apareçam, consulte um profissional que esteja treinado para isso. Ou procure nossa equipe para maiores informações.

Como colocar limites em crianças

Toda criança precisa de limites. Elas sentem que são amadas, que existem pessoas que gostam delas quando os limites são colocados de forma correta.

O que fazer para corrigir um comportamento errado?

Todo comportamento errado deve ser corrigido. O primeiro passo é perceber o que levou a criança a fazê-lo. Perceber se ela está tentando lhe mostrar que alguma coisa está errada na vida dela. O principal é conversar com a criança, mostrando os perigos do comportamento, e saber se ela quer lhe falar algo sobre os seus sentimentos. Caso contrário deve-se dar um castigo.

O que é um Castigo?

Bater em uma criança, às vezes, só causa revolta. Bater dói no corpo, mas não atinge a alma. Um castigo é privar a criança de algo para que ela pense, reflita e modifique suas condutas. O castigo tem que ter a função de educar a criança, não deve ser excessivo, não pode ser físico (bater, etc.) e tem de levar a criança a aprender com os seus erros.

O castigo deve ser acompanhado de uma boa conversa que faça a criança refletir, amadurecer, pensar e mudar suas condutas.

Este texto foi criado pelo Projeto Trauma Infantil e Espaço Trauma, têm como objetivo levar informação adequada a pais e mestres que convivem com crianças e adolescente que sofreram Traumas Emocionais.

Comentários

Meu filho parou de falar.

Olá, meu nome é Ana Carolina e atualmente moro no Mato Grosso.

Eu me separei do pai do meu filho quando ele ainda tinha dois anos e quatro meses, sendo que fomos morar em Londrina - PR.

Quando o meu filho estava com três anos permiti que ele sozinho visitasse o pai, sendo que ele ficou na casa dele com os avós, tia e sobrinha sem maiores problemas e falando normalmente.
Até então, ele falava normalmente com todos, falava de tudo, detalhes, contava historias e o que estava acontecendo na escola, tudo o que era perguntado ele respondia normalmente e corretamente.

Quando ele estava com três anos e sete meses, novamente, ele foi visitar o pai no Mato Grosso, no entanto, quando chegou do aeroporto parou de falar com todos.

Após ter ficado por dois meses na casa do pai, retornou para minha companhia sendo que continuou a não falar com ninguém. Após eu ter procurado uma psicóloga em Londrina o meu filho voltou a falar por 04 meses somente comigo e com minha mãe, que morava comigo, sendo que nessa época ainda estava separada do pai dele.

Essa psicóloga, como método para tratamento, brincava com ele no consultório durante a sessão. Esse método embora eu não tenha entendido, funcionou por um tempo até ele ir viajar novamente para visitar o pai.

Em agosto de 2009 ele foi visitar o pai por uns 10 dias, sendo que novamente parou de falar assim que chegou. Para essa viagem eu o tinha preparado explicando que ele iria visitar o pai e que depois de uns dias eu iria encontrá-lo, já com medo de que ele voltasse a regredir.
Após eu encontrar o pai, resolvemos morar juntos, no entanto, ele continua a não falar com ninguém, inclusive comigo, isso já faz dois meses.

Hoje, em casa, tentamos diariamente repetir o que era feito no consultório da psicóloga de Londrina, no entanto, nada faz surtir efeito. Hoje, eu e meu marido sentamos com ele e brincamos com os jogos, comprei vários que ele se interessou, de acordo com a sua idade. Ele gosta muito desse momento, posso afirmar que é uma criança muito feliz.


Acredito que o problema não seja fisiológico embora já estamos nos preparando para levá-lo em um neuropediatra, psiquiatra e fonoaudiólogo, pois não sabemos mais o que fazer.
Parece que ele não fala por que não quer. Ele se controla para não falar, não deixando escapar alguma frase nem mesmo quando tem vontade de pedir alguma coisa para quem quer que seja. Já tentamos utilizar de todos os meios para fazer ele falar. Já utilizamos de argumentos como: “só vai ganhar o presente se pedir...” “tem que conversar com o pai e a mãe para conseguir as coisas..” e etc... Todos vivemos felizes, sendo que ele tem tudo e atenção de todos, avós, tios e primos.
Os únicos traumas que posso dizer que ele sofreu foi a separação e talvez o fato de ter ficado longe de mim por dois meses, cabendo ressaltar que nesse período de férias estava feliz na casa do pai.


Embora eu já tenha levado ele em vários psicólogos todos dão o mesmo diagnóstico, ou seja, de que ele se sentiu abandonado por mim quando da viagem em que tinha 03 anos, mas ninguém me dá uma solução concreta, além do que, na verdade, ele parou de falar assim que chegou no Mato Grosso e não depois de ter ficado dois meses longe.
Ele é tímido até as pessoas conseguirem a sua confiança. Embora não esteja falando ele compreende tudo o que falam para ele, e é obediente e inteligente.
Ele vai fazer 05 anos e a situação acaba por comover toda a família, já que em breve começará a ser alfabetizado, no entanto, não fala com ninguém, o que com certeza irá prejudicá-lo.
Gostaria muito que vocês pudessem nos dar uma luz, já que não sabemos mais onde procurar ajuda ou a quem recorrer estamos desesperados. O meu email é ana_carolinamasiero@hotmail.com. Qualquer ajuda será bem vinda. Obrigado.

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